Segundo maior medalhista do Brasil, Scheidt ganha elogios de colegas

Dono de quatro medalhas olímpicas, sendo duas de ouro e duas de prata, uma delas conquistada na classe star dos Jogos Olímpicos de Pequim, nesta quinta-feira, ao lado de Bruno Prada, o iatista Robert Scheidt, que se tornou o segundo atleta do Brasil com mais pódios olímpicos, atrás apenas de Torben Grael (dois ouros, uma prata e dois bronzes), recebeu elogios de colegas após o feito na capital chinesa.

"Ele é um cara que chama a atenção pela força de vontade permanente. Você nunca o encontra cansado. É de uma disciplina impressionante, está sempre treinando", disse Fernanda Oliveira, que conquistou a medalha de bronze em Pequim na classe 470.

A parceira de Fernanda na classe 470, Isabel Swan, destacou a capacidade de Scheidt de motivar os amigos. "Tivemos um começo de competição muito difícil e o Scheidt sempre nos encontrava no café-da-manhã com palavras de incentivo. Ele tem uma força muito grande, um atleta inspirador", contou.

Parceiro de Scheidt, Bruno Prada destaca outra característica do medalhista. "Além de grande atleta, ele tem estrela", afirmou.

Quem também elogiou Scheidt foi Ricardo Winicki, o Bimba, da classe RS:X. "O cara é demais. É até difícil encontrar palavras para expressar o que ele representa. Está entre os maiores atletas do mundo. Da vela, então, nem se fala."

Além da medalha de prata conquistada em Pequim, Scheidt coleciona dois ouros na classe laser, em Atlanta-1996 e Atenas-2004, e uma prata em Sydney, também na laser.

Fonte: Folha Online

Grande promessa

Por Helenice Castro


Nelson Félix, vocalista e percussionista, carioca da Vila da Penha, salgueirense, pesquisador de música, admirador de vários gêneros, é uma das grandes promessas do samba nacional.

Ainda adolescente, já em Brasília, deu início à carreira musical como vocalista do grupo Papo Furado, interpretando sambas de raiz, numa época em que o gênero tinha poucos adeptos e andava meio esquecido.

Como vocalista, já se apresentou em palcos importantes da cidade como o Teatro da Caixa, o Clube do Choro de Brasília, o Feitiço Mineiro. Profissionalizou e se tornou conhecido e respeitado pelo público freqüentador das rodas de samba da Capital Federal.

Como percussionista, acompanha regularmente a constelação das excelentes cantoras de samba da cidade, revelando estreita intimidade com os instrumentos percussivos e exibindo sua herança musical com a naturalidade própria dos que têm o samba correndo nas veias.

Cantando, apresenta repertório pautado no samba de raiz, interpretando obras de imortais sambistas como Geraldo Pereira, Noel Rosa, Wilson Batista, Candeia, Jovelina Pérola Negra e de outros ícones contemporâneos como Monarco, Paulinho da Viola e Jorge Aragão.

O primeiro contato com as teorias da música foi na Escola de Música de Brasília. Da prática, isso ele já sabia. Nascido no berço do samba, filho de percussionista, sua relação com o gênero iniciou-se ainda nas fraldas, quando acompanhava o pai, na época, percussionista da Beth Carvalho, em encontros informais, em festas na casa da cantora, nos já famosos natais quando Beth ainda morava em apartamento e já reunia o pessoal mais chegado do samba e nos primeiros natais na casa da Gávea, lá estava o “garoto sorriso” - como era chamado pelos amigos do pai, Elizeu Félix.

Além do DNA e da influência do meio, cresceu rodeado de instrumentos - ferramentas de trabalho do pai - que eram o seu brinquedo preferido. Ao menor descuido, lá estava ele com baquetas, tamborins, chocalhos, agogôs, ganzás e pandeiros em seus primeiros ensaios.

Diogo Nogueira/ música e futebol

Breno Barros

Samba Pisado

Breno Barros


Belo Horizonte se torna, em dois dias, a cidade do Carnaval



Breno Barros



O carnaval de salvador está entre as maiores manifestações populares do mundo. Com mais de 2,5 milhões de pessoas, o carnaval é embalado pelo axé music, que significa energia positiva no candomblé e na umbanda, além das músicas proveniente dos ritmos latino-caribenho com Frevo pernambucano, forró, maracatu, reggae, rock e calypso, que vem do reggae.

Chegou a vez dos mineiros sentirem um gostinho da festa da capital baiana. O estádio do Mineirão, em Belo Horizonte será palco, entre os dias 04 e 05 de abril, do Axé Brasil, o maior festival da música baiana do país, fora de salvador.

Neste ano, o carnaval fora de época completa 10 anos de existência. No primeiro dia do evento subirão ao palco: Chiclete com Banana, Ivete Sangalo, Banda Eva, Cheiro de Amor, Terra Samba e A Zorra. Já o segundo dia a animação será feita pelo: Asa de Águia, Cláudia Leite, Tomate, Jammil e uma Noite, Alexandre Peixe e Ara Ketu.

A novidade em 2008 é o canto Tomate, ex-Rapazolla, que subirá ao palco em carreira solo. Depois do seu ultimo show no comando do Rapazolla no Carnaporto, carnaval fora de época de Porto Seguro que é realizado na semana subseqüente ao Carnaval tradicional, o cantor foi responsável pelos ensaios pré Axé Brasil pela interior de Minas.

No axé Brasil 2007, o Tomate, ainda no comando do Rapazolla, foi o último artista a subir ao palco, onde gravou o seu primeiro DVD, que contou com a participação de Durval Lelys do Asa de Águia. A gravação ainda não foi lançada no mercado. A expectativa é que tomate repita o mesmo sucesso do ano anterior. Na ultima edição, o evento contou com mais de 100 mil pessoas e a expectativa é que o sucesso continue.


Apresentação do Axé Brasil 2007




Forró made in USA

Clara Mousinho

A música brega é uma unanimidade, há quem goste ou há quem odeie. O forró brega, considerado um gênero genuinamente brasileiro, tem tomado ares americanos. A nova moda é utilizar famosas músicas americanas e transformá-las em brasileiras com letras completamente diferentes. O hit "Não vale mais chorar por ele", que estourou na voz de Ivete Sangalo no Festival de Verão, não é nada mais que o ritmo da música "Don't matter", de Akon.

Ao ler a tradução da letra original, dá para perceber que o conteúdo da música é completamente diferente da conferida da apresentação da Ivete.




A banda que comanda a música brega no Brasil, Aviões do Forró, utilizou a música mais tocada no mundo em 2007, "Umbrella"da Rihanna, e fez uma "versão" brasileira.



Já outro grupo brega famoso, Calcinha Preta, utilizou um clássico americano: "Without you". A banda criou até uma musa inspiradora para música "Paulinha".



Apesar de não ser fã desse tipo de música, sempre pensei que o brega fosse algo tão brasileiro que não sofreria influência dos "yankees", mas estava enganada.

Nara Leão - Samba de uma nota só e Samba do avião

Breno Barros


Tom Jobim e Toquinho

Breno Barros


Os Sons do Sul com Batuques Cariocas




Julinho Bittencourt


A cidade imaginária Satolep Sambatown é o cruzamento de Pelotas (ao contrário), do cantor e compositor Vitor Ramil e, em tradução livre, o Rio de Janeiro, do percussionista Marcos Suzano. Mais do que isso, é o nome do disco que a dupla acaba de lançar, em show que percorre o país. Mais ainda, é uma tentativa de juntar no mesmo balaio a estética do frio, a canção de quem vive ensimesmado por conta das baixas temperaturas que vem lá do sul, com o batuque acalorado da cidade maravilhosa.

Eles quase conseguem, mas isso não é nenhum demérito. O que de fato acontece é o amplo predomínio, como exceção à regra, ao som de Satolep. Por mais e melhor que o excelente percussionista Suzano bautuque, o que ouvimos do começo ao fim deste lindo disco é a canção de Ramil, com suas filigranas melódicas e literárias, enfim, com toda a riqueza de construção a que habituou o seu público.

O papel de Suzano é imprescindível mas quase secundário. Ao contrário do que ocorre no já lendário “Olho de Peixe”, dele em parceria com o compositor pernambucano Lenine, onde o percussionista é peça chave, neste “Satolep Sambatown” quem rouba o show são as canções e não as suas formas.



Algumas das peças apresentadas no disco já haviam sido gravadas. É o caso de “A Ilusão da Casa”, com um belo refrão onde Ramil sofisma irremediavelmente: “Eu sei, o tempo é o meu lugar, o tempo é minha casa, casa é onde quero estar, eu sei”. Outra das canções reinterpretadas é “Café da Manhã”, que capta de forma rara a tensão do casal percebida a partir do interlocutor: “Ela esquece o gosto do café, põe os olhos no jornal, ela pega a parte que eu já li e abre como um muro entre nós”.

Além destas, o disco conta com muitas outras inéditas de encher os ouvidos. A despeito das letras, a música de Vitor Ramil é rica em harmonias e melodias. Tudo o que propõe é sofisticado e ousado, até mesmo quando tenta ser mais simples e pop. Este é o caso, por exemplo, de “O Copo e a Casa”, um quase rap, onde a participação de Suzano é fulminante.

Para muito além de ser um grande percussionista e, particularmente, um dos maiores pandeiristas destas e de outras plagas, Marcos Suzano funciona hoje com um homem-banda. Toca vários instrumentos, programa ritmos eletrônicos, arpejadores e efeitos. Sob os violões de nylon e aço de Ramil, muitas vezes com afinações alteradas, os sons de Suzano determinam as direções de “Satolep Sambatown”.

E as direções, como disse acima, ficam lá pelas origens. Suzano, como um embaixador, muito mais do que tentar cariocar o som de Ramil, tem o mérito de levar para todo o pais, a seu modo universal, o que é, desde sempre, tido e tratado como jóia rara por chimangos e maragatos.

Cat Stevens de volta, como Yusuf Islam



Julinho Bittencourt



Ele chocou o mundo ocidental quando, em 1978, depois de vender 40milhões de discos e gravar ao menos um álbum imprescindível para amúsica pop, o "Tea For the Tillerman", se converteu ao islã e abandonou tudo. Virou, aos olhos e ouvidos da parca sabedoria rock androll, mais um doido que sucumbiu, pirou. Foi tratado como se tivessede fato morrido, assim como Hendrix, entalado no próprio vômito, ele, por sua vez, afogado no fanatismo religioso.


O cantor, nascido na Inglaterra em 1948, com o nome de Stephen Demetre Georgiou, filho de um grego-cipriota com uma sueca, depois de viver um período glorioso, chapado e conturbado como Cat Stevens, assumiu a sua terceira e mais duradoura identidade, como Yusuf Islam. A sua extensae incomum trajetória é finalmente desvendada no DVD, disco edocumentário "Yusuf's Café Session".


O show/documentário é, a princípio, um evento de divulgação da suavolta moderada ao pop. Traz a sua primeira apresentação no ReinoUnido, depois de 28 anos, e o pós-lançamento do disco "One More Cup",muito próximo do som que fazia na década de 70. Por trás, no entanto, se escondem algumas verdades bem mais profundase surpreendentes, tanto para os fãs do cantor quanto para quem tem curiosidade pela geopolítica do nosso mundo. Yusuf é hoje, de acordo com interlocutores do Islã, um dos seus mais importantes líderes. É fundador de três escolas muçulmanas em Londres, além de manter aorganização sem fins lucrativos Small Kindness, reconhecida pela ONU,onde presta ajuda aos órfãos de conflitos como Bósnia, Kosovo eIraque.


A volta de Cat/Yusuf é um instrumento pacífico de combate, bem comouma força política, econômica e cultural que se move. Os discos deYusuf e vários outros de intenção religiosa e espiritual são lançadospelo seu próprio selo, a Ya Records. Sua voz diz ao mundo que osmuçulmanos não são os terroristas que o onze de setembro nos ensinou,da mesma forma que os católicos não são os soldados do IRA e tampoucoos judeus se resumem às tropas de Ariel Sharom. Diante disso, a proibição da sua entrada nos EUA, em 2004, pelo departamento de Segurança Interna, após incluí-lo na lista devigilância por atividades provavelmente relacionadas ao terrorismo éuma das cenas mais desconcertantes do documentário. Trata-se, enfim,de um líder espiritual e cantor pacifista diante da sanha americanapreconceituosa.


"Yusuf's Café Session" é, a despeito de um lindo documento, onde omúsico aparece em plena forma, com excelentes arranjos e acompanhantes para belas canções, algumas recentes e outras inéditas, uma mensagem de paz e serenidade. O reencontro de alguém que teve o mundo aos seus pés e desceu do pedestal. Vale, no mínimo, pelo assombroso contraste entre a expressão de arrogância de Cat Stevens, nos idos dos 70, com a humildade de Yusuf Islam dos nossos dias.